sexta-feira, 24 de outubro de 2008

outro lado do mundo

Dizem’me q a vida nos dá lições, q o Sol nasce todos os dias com a mesma intensidade mesmo q não pareça, q o vento sopra em todas as direcções e q a chuva refresca a mente.
Fazem’me crer q as pedras da calçada nos ajudam a caminhar, q os espelhos das lojas da rua do Miranda nos fazem ver o lado bonito e q os toldos dos cafés nos protegem dos raios maliciosos do Sol de inverno.
Aprendi q a água qente nos adormece e q a água fria é boa pa ressaca. Ensinaram’me q se come a sopa de colher e q se vê para além do mar.
Tenho a sensação de já ter qebrado mais de metade destes conhecimentos.
Ultimamente as pedras da calçada só me lembram momentos q qero esqecer ; os espelhos das lojas só me dão imagens de um passado ruim ; os toldos dão’me a sensação de protecção q tinha naqele tempo q já se foi.
Agora a água qente serve para chorar e a água fria para disfarçar. A colher serve para ver outra realidade e o mar é a imensidao de tudo o q me atormenta.
A velhota do andar de cima teima em me dizer bom’dia qando tou mal. Sei q é por simpatia, mas irrita’me profundamente. Depois aparecem’me os putos da escola básica. Sim aqeles putos irritantes, cheios de energias e de namoricos de uma semana.
Qando chego á escola, confiante de q irei passar bem aqele dia, aparecem’me logo aqelas pessoas q mais valia terem ficado debaixo dos lençóis.
Começo mal o dia. Fico de costas voltadas para tudo aqilo q me fazia feliz e fico concentrada nos problemas dos outros, numa realidade q nunca será a minha.
Por momentos sinto’me útil, sinto’me bem com os outros.
Mas logo a seguir sinto q não sirvo para nada, a não ser para guardar as chaves do cacifo do balneário de educaçao fisica.
A minha cabeça torna’se num mar, onde os problemas são ondas q se enrolam umas nas outras e q me fazem andar á roda.
É uma sensaçao agradável. Um bocadinho agradável.
Venho embora e sinto q até as folhas das árvores mais afastadas ralham comigo. Sinto q dizem q não fiz tudo o q devia, q podia ser mais forte e lutar por um dia melhor.
Mas o q é q eu digo ?! “Não deu”.
Mas não deu pqê ? Não houve força nem motivação.
Á medida q avanço, as pedras vao’me dando na cabeça, dizendo q ninguem merece este esforço, q ninguem merece este estado de alma.
Mas q estado de alma ?!
Aliás, q alma ?!
A minha alma já qase não existe. Foi’se reduzindo a pó, e com o tempo foi’se espalhado por aí.
Já nenhum lugar me suscita interesse, já nenhuma musica faz sentido, já nenhum suspiro sabe ao mesmo.
Penso em pedir á Lua um pouco da sua escuridão, pode ser q ajude. Apenas me diz q não me ajuda. Não me dá motivos.
Luto sozinha, tentando parecer bem e mandar piadas sem a minima piada.
Tento ser normal. Tento ser aqilo q era, ao mesmo tempo q , por dentro, morro aos poucos.
Qanta mais vontade tenho de me afastar do passado, mais sede me dá de o reviver.
Voltar a ser a criança feliz, voltar a ser confiante e com um sorriso estupido estampado nos lábios.
Saudades de dizer "Sou tao feliz !”.
Abro a janela.
Chovem peqenas preciosidades reluzentes, frias e molhadas.
Caem’me nas maos e desfazem’se, como sonhos perdidos na imensidao da noite.
O vento gelado afasta’me o cabelo da frente dos olhos, faz’me ver toda uma vida de pessoas q por ali passam.
Umas q perdem o comboio, outras q não encontram as chaves do carro, outras q se rendem aos encantos do amor.
Olho em volta e o q vejo ?
Uma árvore envolta de nada. Sozinha, sem ajuda. Mas sobrevive. Olha, sente, ouve tudo o q se passa á volta dela e ainda assim serve de consolo para qem se senta lá a chorar.
A escuridao da noite faz com q os candeeiros de rua se acendam, e aí parece q toda essa realidade muda.
Tudo isto num instante. E eu ? O q é q acontece comigo ?
Assisto a peqenos momentos da vida de pessoas q não conheço enqanto deixo a minha de lado, enqanto deixo passar tudo aqilo q mais qeria aproveitar.
Parou de chover e o ar ficou mais limpo. As ideias surgem e os dedos começam a escrever.
Custa estar á janela, o frio já se entranhou nos ossos e estes gelam.
Sinto uma dor no peito e penso no pior. Penso no passado, nas coisas q podia ter feito e não fiz.
Cai’me uma folha nos pés, e guardo’a no livro, ciente de q ela perdurará lá.
Adormeço com a dor do presente, iludida em acordar com a beleza do futuro.
Dou voltas e voltas no meu mundo, tentando encontrar uma saida possivel. Não há saida.
Sinto’me cmo num beco, do género daqeles dos filmes americanos.
Assusto’me e acordo sobressaltada.
Abro o livro e vejo e ainda lá está a peqena folha. Afinal nem tudo me abandonou.
De manha olho pela janela e vejo q no lugar daqela peqena folha, já há uma a nascer.
Nada pára neste mundo. Ninguem espera por nós para seguir com a sua vida.

1 comentário:

m. disse...

minha ídola escritora *-*
amo o texto pa , amo mesmo :D

<3