quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Capaz

"Quando queremos estar próximos de alguém de quem gostamos, as palavras nunca se esgotam".
Palavras essas que soam como as ondas do mar, ora fortes e brutas, ora suaves e macias.
À janela, tento ouvir o que me tentas dizer, mas tudo me parece oco e sem significado.
Onde ficou aquele calor e protecção ? Onde ficou aquela vontade de realizar e vencer ?
Comparo isto a uma folha. Escreves e, quando vais a ver, não gostas e deitas fora. Sabes para onde vai a folha ?
Não sabes, nem estás muito para aí virado.
A tua indiferença aumenta em mim a vontade de te apagar, mas a minha insegurança traz'te de volta.
Pego no casaco e saio. Vejo quem não quero e sinto o que não quero sentir. Mas vou adiar para quê ?
A minha vida não gira em torno da tua. Somos dois barcos que navegam em direcções opostas.
Tinhamos um objectivo que se afundou e, sob o qual, passamos sóbrios e sem destino.
Chegou o dia em que acordei e não vi mais a tua sombra.
Fazias falta mas agora magoas. Não sabes o quão bem me sabe já conseguir andar de cabeça erguida sem receio de te voltar a ver.
Chega'me agora uma rajada de vento que me estremece de cima a baixo e me relembra a sensação de liberdade que há muito não sentia.
De volta ao mundo real e imprevisível, suporto, diariamente, a missão de viver sem ti, sem qualquer outro homem que seja capaz de iludir e fugir logo de seguida.
Bonecas com tótós e carrinhos com vida própria. Inocência disfarçada.
Areia dura e pedras pontiagudas que espetam no coração e fazem doer. Nuvens que me ajudam a ser justa e Sol que me faz descansar.
Pegarei nas memórias, pô'las'ei numa caixa e cavarei um buraco onde as possa colocar.
Viver em funçao de alguém ? Não faz parte dos meus planos.
Esperarei sentada, debaixo da laranjeira do jardim, que a minha verdadeira paixão chegue para me ver sorrir.
Quando chegar ficaremos sentados, abraçados debaixo das folhas verdejantes da laranjeira, à espera do pôr'do'sol.
"Como nunca se gastam os beijos, as mãos que se aconchegam, os corpos que se tocam (...). Nunca se gasta a pele nem o olhar porque o desejo que é alimentado pelo amor não é como a paixão, o amor nunca se cansa."

1 comentário:

Sarasilva disse...

Sabes o que vales, sabes bem Vera. «3